segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Não ser suficiente

Sempre me irritou esta palavra: suficiente. Provavelmente por eu nunca ter sido suficiente. Suficientemente alta, sexy, coquete (palavra antiga, mas à falta de memória de outra, serve perfeitamente). Ouvi isto durante o tempo "suficiente " para amadurecer, tomar consciência de mim mesma, do meu valor e começar a ignorar a questão. De qualquer modo, não havia muito a fazer quanto à altura (já que as outras me eram totalmente indiferentes), a não ser que me submetesse a uma cirurgia para esticar os ossos das pernas...compreendi que iría ficar ridícula e deixei de pensar no assunto.Nunca pude ser assistente de bordo...paciência. Menos gente grande malcriada para aturar. Se tive pena? Totalmente. Século passado.

Ultimamente, já neste século, a insuficiência alargou-se a outras áreas. Mais! Passou a mediocridade, quiça, a roçar o mau mesmo. Deste modo tornei-me má mãe, esposa, dona de casa, profissional e um sem número de outras coisas que nem vale a pena mencionar.

Ah!!!... talvez valha! Então, sou, também, insuficiente renal, cardíaca e mental, já que só já me restam dois neurónios dessincronizados no tempo e na ação.

Assim sendo, chego à brilhante conclusão de que a minha insufiência, afinal, é excelência.

Só alguém extraordinário conseguiria viver com tanta insuficiência, durante tanto tempo, e fazer o que fiz com a mediocridade de vida que me calhou!

Na próxima encarnação, haverá sérias correções a efetuar!!!

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